sexta-feira, 2 de maio de 2014

POR QUE FUI À PAPUDA? Depoimento da Deputada Federal Mara Gabrilli via facebook

POR QUE FUI À PAPUDA?
Respondendo aos questionamentos e críticas sobre minha visita à Papuda
Como já noticiado aqui, desde o ano passado recebo denúncias sobre a violação de direitos humanos de presos cadeirantes, que por conta de sua deficiência, têm condições de tratamentos inferiores a de outros presos. Então, que fique bem claro que minha única motivação a visitar à Papuda, pela terceira vez, foi esta: checar as condições de acesso e tratamento de grupos vulneráveis.
Nesta última visita que fiz ao presídio, fiz parte de uma comitiva da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, onde também participaram os deputados Nilmário Miranda, Jean Wyllys, Luiza Erundina e Arnaldo Jordy, O requerimento inicialmente proposto pelo deputado Nilmário Miranda era para a realização de diligência na Papuda para verificar, exclusivamente, as condições de José Dirceu. A Comissão, no entanto, entendeu que deveria ser ampliada para verificar também a condição penal de todos os presos. Motivo pelo qual, reitero novamente, me moveu a fazer a visita.
Diferentemente do que a imprensa e muitas pessoas nas redes vêm afirmando, não fui a Papuda para avaliar se Dirceu tem ou não regalias, tampouco se ele tem o direito a cumprir sua pena em regime semiaberto. Quem sou eu para fazer tal avaliação? Isso cabe às autoridades competentes.
Outro esclarecimento que precisa ser feito: eu estive na cela de Dirceu sim. Apenas não circulei, pois minha cadeira ficou emperrada na porta, o que não me impediu de ver as condições do local. Afirmei apenas o que vi, sem julgamento de valores. Até porque as condições de tetraplégicos, com os corpos tomados por escaras e que dormem no chão com ratos passando por cima, é o que de fato me interessa. Aliás, é o que deveria estar sendo debatido neste momento: a precariedade de um sistema carcerário que se tornou depósito humano. Mas, infelizmente, vejo que ainda
se coloca holofotes sobre uma causa política em detrimento a uma questão social.
Também precisa ser esclarecido àqueles que me acusaram de ter feito imagens dentro do complexo: adentrei à Papuda sem nenhum tipo de aparelho. E meu assessor não tinha autorização para entrada. E ainda que portasse algum equipamento, não poderia usá-lo, por motivos óbvios: não mexo os braços.
Por fim, deixo claro que meu interesse neste tema não é de agora, tampouco está relacionado à prisão de qualquer famoso que esteja cumprindo pena na Papuda. Faço palestras em presídio de São Paulo desde 2010, onde pude conhecer realidades ignoradas. Nesses encontros, com detentos e detentas, falamos sobre superação e liberdade. Nunca questionei se essas pessoas deveriam ou não cumprirem suas penas, mas sim as chances que cada uma delas deveriam ter para retornarem melhores para a sociedade.
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