O Dia
Internacional da Mulher é celebrado a 8 de março.
Fonte
WIKIPÉDIA em 8 de março de 2018
A
ideia de criar o Dia da Mulher surgiu no final do século XIX e início do século XX nos Estados Unidos[1] e na Europa, no contexto das lutas femininas por
melhores condições de vida e trabalho, e pelo direito de voto.
A 26 de agosto de 1910, durante a Segunda Conferência Internacional das
Mulheres Socialistas em Copenhaga, a líder socialista alemã Clara Zetkin propôs a instituição de uma
celebração anual das lutas pelos direitos das mulheres trabalhadoras.[2][3]
As
celebrações do Dia Internacional da Mulher ocorreram a partir de 1909 em
diferentes dias de fevereiro e março, a depender do país.[4] A primeira celebração deu-se
a 28 de fevereiro de 1909 nos Estados Unidos, seguida de manifestações e
marchas em outros países europeus nos anos seguintes, usualmente durante a
semana de comemorações da Comuna de Paris, no final de março. As
manifestações uniam o movimento socialista,
que lutava por igualdade de direitos econômicos, sociais e trabalhistas, ao
movimento sufragista,
que lutava por igualdade de direitos políticos.
No
início de 1917, na Rússia, ocorreram manifestações de
trabalhadoras por melhores condições de vida e trabalho e contra a entrada
da Rússia czarista na Primeira Guerra
Mundial. Os protestos foram brutalmente reprimidos, precipitando o
início da Revolução de 1917.[5][1] A data da principal
manifestação, 8 de março de
1917 (23 de fevereiro pelo calendário juliano),
foi instituída como Dia Internacional da Mulher pelo movimento internacional
socialista.
Na década de 1970, o ano de 1975 foi
designado pela ONU como o Ano Internacional da Mulher e
o dia 8 de março foi adotado como o Dia Internacional da Mulher pelas Nações Unidas,
tendo como objetivo lembrar as conquistas sociais, políticas e econômicas das
mulheres, independente de divisões nacionais, étnicas, linguísticas, culturais,
econômicas ou políticas.[6]
Índice
[esconder]
A
criação do Dia Internacional da Mulher dá-se no início do século XX, no contexto da Segunda
Revolução Industrial e da Primeira Guerra
Mundial, quando ocorre a incorporação da mão-de-obra feminina, em
massa, ao operariado.
O
primeiro Dia Nacional da Mulher foi celebrado a 28 de fevereiro de 1909 nos Estados Unidos, por iniciativa do Partido
Socialista da América, em memória de uma greve,
realizada no ano anterior, que mobilizou as operárias na indústria do vestuário
de Nova Yorkcontra as más condições de trabalho.[6]
Em 1910,
ocorreu a primeira conferência internacional de mulheres, em Copenhaga, dirigida pela Internacional
Socialista, quando foi aprovada a proposta, apresentada pela
socialista alemã Clara Zetkin, de
instituição de um Dia Internacional da Mulher, embora nenhuma data tivesse sido
especificada.[7][6][8] No ano seguinte, o Dia
Internacional da Mulher foi celebrado a 19 de março, por mais de um milhão de pessoas,
na Áustria, Dinamarca, Alemanha e Suíça.[7]
Copenhague, 1910. VIII Congresso da Internacional
Socialista: na frente, Alexandra Kollontai e Clara Zetkin.
Poucos
dias depois, a 25 de março de 1911,
um incêndio
na fábrica da Triangle Shirtwaistmataria 146 trabalhadores - a
maioria costureiras. O número elevado de mortes foi atribuído às más condições
de segurança do edifício. Este foi
considerado como o pior incêndio da história de Nova Iorque, até 11 de setembro de 2001.
Para Eva Blay, é provável que a morte das
trabalhadoras da Triangle tenha sido incorporada ao imaginário coletivo, de modo que esse
episódio tem sido, desde a década de 1950, erroneamente considerado como a
origem do Dia Internacional da Mulher.[4][9]Segundo Liliane Kandel e Françoise
Picq, em 1955, num artigo do jornal L'Humanité, surgiu o mito de que a data
teria como origem a celebração da luta e da greve de mulheres trabalhadoras do
setor têxtil de Nova York, em 1857 - as quais teriam sido duramente reprimidas
pela polícia ou mortas em um incêndio criminoso na fábrica, conforme as
diferentes versões do mito. Não há indícios de que isso tenha ocorrido e,
segundo as autoras, tais versões parecem ter sido criadas pela Union
des Femmes Françaises, que pretendia tornar a comemoração uma espécie
de dia das mães,
totalmente desprovida de qualquer sentido de luta feminina, tal qual se tornara
na URSS e nos países do bloco comunista.[10][4][11]
Em 1915,
a feminista bolchevique Alexandra Kollontai organizou
uma reunião em Christiania (atual Oslo),
contra a guerra.
Nesse mesmo ano, Clara Zetkin faz uma conferência sobre a mulher.
Na Rússia, as comemorações do Dia Internacional
da Mulher foram o estopim da Revolução Russa de
1917: a 8 de março de 1917 (23 de fevereiro pelo calendário juliano),
a greve das operárias da indústria têxtil contra
a fome, contra o czar Nicolau II e
contra a participação do país na Primeira Guerra Mundial precipitou os
acontecimentos que resultaram na Revolução de
Fevereiro. Leon Trótski assim registrou o evento:
“A
23 de fevereiro [8 de março no calendário gregoriano] estavam
planejadas ações revolucionárias. Pela manhã, a despeito das diretivas, as
operárias têxteis deixaram o trabalho de várias fábricas e enviaram delegadas
para solicitarem sustentação da greve. Todas saíram às ruas e a greve foi de
massas. Mas não imaginávamos que este ‘dia das mulheres’ viria a inaugurar a
revolução”.[11]
Berlim Oriental, Unter den Linden, (1951). Retratos de líderes
da Internationalen Demokratischen Frauen-Föderation (IDFF), na
41ª edição do Dia Internacional da Mulher.
Após
a Revolução de Outubro,
Alexandra Kollontai persuadiu Lenin a torná-lo um dia
oficial. Durante o período soviético, a
data permaneceria como de celebração da "heróica mulher
trabalhadora".
Após 1945,
nos países do chamado bloco comunista, a data continuou a ser um
feriado comemorado. Na antiga União Soviética, durante o stalinismo, o Dia Internacional da Mulher
tornou-se elemento de propaganda partidária. Também era amplamente celebrado
nos países do bloco socialista na Europa Ocidental.
Na Tchecoslováquia,
por exemplo, a celebração era apoiada pelo Partido
Comunista. O MDŽ (Mezinárodní den žen, "Dia
Internacional da Mulher" em checo) era então usado como instrumento de
propaganda, visando convencer as mulheres de que o partido realmente levava em
consideração as necessidades femininas ao formular políticas sociais. A
celebração ritualística no Dia Internacional da Mulher tornou-se estereotipada.
Assim, a cada dia 8 de março, as mulheres recebiam uma flor ou um pequeno
presente do chefe. A data foi gradualmente ganhando um caráter de paródia e acabou sendo ridicularizada até
mesmo no cinema e na televisão, e o propósito original da celebração perdeu-se
completamente. Após o colapso da União
Soviética, o MDŽ foi rapidamente abandonado como mais um símbolo do
antigo regime. O dia permanece como feriado oficial na Rússia, bem como na Bielorrússia, Macedónia, Moldávia e Ucrânia.
Protesto do grupo
feminista FEMENcontra a exploração sexual das mulheres
ucranianas, em 8 de março de 2010.
No
resto do Ocidente, o Dia Internacional da Mulher foi comemorado durante as
décadas de 1910 e 1920. Posteriormente, a data caiu no
esquecimento e só foi recuperada pelo movimento feminista,
já na década de 1960.
Desde a década de 1970, a data tem sido destacada na mídia internacional e a
ONU continuou a dinamizá-la, como em 2008, com o lançamento da campanha “As
Mulheres Fazem a Notícia”, destinada a estimular a igualdade de gênero na comunicação social mundial.[12] Na atualidade, porém,
considera-se que a celebração do Dia Internacional da Mulher tem o seu sentido
original parcialmente diluído, adquirindo frequentemente um caráter festivo e
comercial, como o hábito de empregadores de distribuir rosas vermelhas ou pequenos
mimos entre as suas empregadas, ação esta que não evoca o espírito das
operárias grevistas do 8 de março de 1917.[11]
· Machismo
Referências
1.
↑ Ir para:a b International
Womens Day, 8th March. The University of
Queensland, Australia.
2.
Ir para cima↑ Vásquez Díaz, René (29 de abril de
2007). «Copenhague, contracultura e repressão». Biblioteca Diplô.
Consultado em 11 de março de 2017. Em 26 de agosto de 1910, uma
conferência internacional de mulheres socialistas tilintou no local, na ocasião
em que Clara Zetkin lançou a ideia de criar um Dia Internacional da Mulher.
3.
Ir para cima↑ Kollontai, Alexandra (1920). «A Militant Celebration» [Uma Celebração Militante] (em
inglês). Moscou: Marxists Internet Archive. Consultado em 11 de março de 2017. In
1910, at the Second International Conference of Working Women, Clara Zetkin
brought forward the question of organizing an International Working Women’s
Day.
4.
↑ Ir para:a b c Kaplan, Temma
(1985). «On the Socialist Origins of International Women's Day»
[Das Origens Socialistas do Dia Internacional da Mulher]. Feminist
Studies (em inglês). Vol. 11 (nº 1): 163–171. doi:10.2307/3180144.
Consultado em 11 de março de 2017
5.
Ir para cima↑ «International
Women's Day timeline journey». International Women's Day. Consultado
em 11 de março de 2017. On the last Sunday of February, Russian women
began a strike for "bread and peace" in response to the death of over
2 million Russian soldiers in World War 1. Opposed by political leaders, the
women continued to strike until four days later the Czar was forced to abdicate
and the provisional Government granted women the right to vote.
6.
↑ Ir para:a b c «History of International Women's Day - History of the
Day» (em inglês). United Nations. Consultado em 9 de março de
2017
7.
↑ Ir para:a b Alterman Blay, Eva (8 de
março de 2010). «8 de março: As mulheres faziam parte das "classes
perigosas"». Carta Maior. Consultado em 11 de março
de 2017
8.
Ir para cima↑ Schulte, Elizabeth (8 de março de
2011). «A woman's place is in the revolution» [O lugar da mulher
é na revolução] (em inglês). Socialist Worker. Consultado em 11
de março de 2017. Inspired by these brave struggles in the U.S., Clara
Zetkin called on attendees at the International Conference of Working Women in
1910 to support an International Women's Day celebration and a platform for
socialists that put forward both political and economic demands for women
workers.
9.
Ir para cima↑ M. F. Caldeira, Cinderela (Março de
2001). «Dia Internacional da Mulher». Universidade de
São Paulo. Revista Espaço Aberto (nº 6). Consultado em 11 de
março de 2017. Para Eva Blay, é provável que a morte das trabalhadoras da
Triangle tenha se incorporado ao imaginário coletivo da comemoração do Dia
Internacional da Mulher.
10.
Ir para cima↑ Ferrarini, Hélène (6 de março de
2014). «8 mars: Quand la journée des femmes était une fête des
mères communiste et antiféministe» [8 de março: quando o dia das mulheres se
tornou um dia das mães comunista e anti-feminista]. Slate (em
francês). Consultado em 11 de março de 2017. Françoise Picq conclut
finalement à une tension interne au mouvement communiste, entre la CGT et
l'UFF, l'Union des Femmes Françaises. Il semblerait que «Madeleine Colin
voulait réancrer le 8 mars dans l'histoire des luttes ouvrières. Alors que
l'UFF en avait fait une espèce de fête des mères, comme en URSS». A l'Est, la
journée n'est plus vraiment ce que l'on pourrait appeler une journée de lutte.
11.
↑ Ir para:a b c Kubík Mano, Maria. «Conquistas na luta e no luto». História
Viva. Consultado em 9 de março de 2017
12.
Ir para cima↑ Koichïro Matsuura (2002). «As Mulheres
e o Quarto Poder». De Mãos Dadas com a Mulher: A UNESCO como agente promotor
da igualdade entre gêneros (PDF)(Relatório). Brasília: UNESCO.
p. 18. 57 páginas. Consultado em 9 de março de 2017. Recentemente,
o Diretor Geral da UNESCO, Sr. Koichiro Matsuura, lançou um apelo internacional
intitulado 'As Mulheres Fazem a Notícia', através do qual demonstra o desejo da
UNESCO de que, no Dia Internacional da Mulher, as jornalistas assumam os cargos
de chefia nos jornais, revistas e emissoras de rádio e de televisão.
Ligações externas
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