Publicado em 15/03/2013
Dráuzio Varela (Médico e Escritor)
Neste "Sempre um papo", o médico e escritor Drauzio Varella reflete sobre o impacto da perspectiva da morte no comportamento de pacientes e familiares -- tema de seu novo livro, "Por um fio" (Ed. Cia. das Letras).
Depois de retratar de um ponto de vista único o universo dos encarcerados no livro Estação Carandiru, Drauzio Varella volta-se para sua longa experiência de cancerologista e analisa, em Por um fio, a reação das pessoas quando ficam sabendo que têm uma doença grave. Ao especializar-se pioneiramente em oncologia, numa época em que o câncer era visto com verdadeiro horror, Drauzio passou a conviver com doentes graves. Dos 30 anos de experiência clínica com os diversos tipos de câncer e também com a Aids, ele traz várias histórias significativas e reveladoras da alma humana. De um lado, a reação dos que se descobrem doentes, que vai da surpresa à revolta, do desespero ao silêncio e à aceitação. Do outro, a atitude dos parentes, que varia da dedicação incondicional à pura mesquinharia, da solidariedade ao abandono. E Drauzio apresenta ainda episódios surpreendentes de mudança de vida, como se a visão da morte fosse quase uma libertação, um divisor de águas que confere novo sentido ao futuro. Às narrativas tristes, o autor junta histórias de curas quase impossíveis e de existências que se encerram tranqüilas. Como ele mesmo diz: "Custei a aceitar a constatação de que muitos de meus pacientes encontravam novos significados para a existência ao senti-la esvair-se, a ponto de adquirirem mais sabedoria e viverem mais felizes que antes, mas essa descoberta transformou minha vida pessoal: será que com esforço não consigo aprender a pensar e a agir como eles enquanto tenho saúde?". Num dos momentos de mais alta tensão, o autor narra seu primeiro contato com doentes de Aids nos Estados Unidos, em 1983, e o instante em que teve o súbito e terrível pressentimento de que a epidemia logo atingiria o Brasil e se espalharia de forma devastadora. Em Por um fio, está de volta o narrador cuidadoso de Estação Carandiru, que, contando histórias reais, põe o leitor diante de questões delicadas, difíceis mesmo para quem lida com elas em sua rotina profissional. Dizer ou não dizer a verdade ao paciente? O que é preciso para conseguir que um doente viva o máximo de tempo com o mínimo de dor? Existe o momento certo para "desligar as máquinas"?
Exibido em 27/11/2004
TV Câmara
Neste "Sempre um papo", o médico e escritor Drauzio Varella reflete sobre o impacto da perspectiva da morte no comportamento de pacientes e familiares -- tema de seu novo livro, "Por um fio" (Ed. Cia. das Letras).
Depois de retratar de um ponto de vista único o universo dos encarcerados no livro Estação Carandiru, Drauzio Varella volta-se para sua longa experiência de cancerologista e analisa, em Por um fio, a reação das pessoas quando ficam sabendo que têm uma doença grave. Ao especializar-se pioneiramente em oncologia, numa época em que o câncer era visto com verdadeiro horror, Drauzio passou a conviver com doentes graves. Dos 30 anos de experiência clínica com os diversos tipos de câncer e também com a Aids, ele traz várias histórias significativas e reveladoras da alma humana. De um lado, a reação dos que se descobrem doentes, que vai da surpresa à revolta, do desespero ao silêncio e à aceitação. Do outro, a atitude dos parentes, que varia da dedicação incondicional à pura mesquinharia, da solidariedade ao abandono. E Drauzio apresenta ainda episódios surpreendentes de mudança de vida, como se a visão da morte fosse quase uma libertação, um divisor de águas que confere novo sentido ao futuro. Às narrativas tristes, o autor junta histórias de curas quase impossíveis e de existências que se encerram tranqüilas. Como ele mesmo diz: "Custei a aceitar a constatação de que muitos de meus pacientes encontravam novos significados para a existência ao senti-la esvair-se, a ponto de adquirirem mais sabedoria e viverem mais felizes que antes, mas essa descoberta transformou minha vida pessoal: será que com esforço não consigo aprender a pensar e a agir como eles enquanto tenho saúde?". Num dos momentos de mais alta tensão, o autor narra seu primeiro contato com doentes de Aids nos Estados Unidos, em 1983, e o instante em que teve o súbito e terrível pressentimento de que a epidemia logo atingiria o Brasil e se espalharia de forma devastadora. Em Por um fio, está de volta o narrador cuidadoso de Estação Carandiru, que, contando histórias reais, põe o leitor diante de questões delicadas, difíceis mesmo para quem lida com elas em sua rotina profissional. Dizer ou não dizer a verdade ao paciente? O que é preciso para conseguir que um doente viva o máximo de tempo com o mínimo de dor? Existe o momento certo para "desligar as máquinas"?
Exibido em 27/11/2004
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